Santo Afonso Maria de Ligório foi sagrado bispo de Santa Ágata dos Godos no dia 20 de junho de 1762, portanto, há 263 anos, na Basílica de Santa Maria Sopra Minerva, em Roma, pelas mãos do Eminentíssimo Cardeal Rossi, da Ordem dos Pregadores, assistido por Monsenhor Gorgoni, arcebispo de Edessa, e Monsenhor Jordani, arcebispo de Nicomédia e vice-governador de Roma.
Mais tarde, Santo Afonso revelaria ao seu confessor que este dia foi um dos mais dolorosos de sua vida, comparando-o com outro terrível dia em que seu pai o segurou por três horas, fortemente abraçado, implorando-lhe que não o deixasse.
“No primeiro caso, eu tinha que lutar contra o afeto de um pai que me amou muito; no segundo, tive que lutar contra mim mesmo para aceitar, apesar de minha repugnância, uma tarefa pela qual a responsabilidade me fez tremer”, disse ele.
O período que vai do início de março a meados de junho de 1762 foi um dos mais difíceis da vida de Santo Afonso, como ele mesmo afirmou ao falar de sua ordenação como bispo, outorgada “contra a sua vontade”. Afonso foi obrigado a “aceitar o que ele não desejava, amedrontado pela responsabilidade e pelo julgamento de Deus”.
Sua promoção à sede episcopal de Santa Ágata dos Godos chegou de forma totalmente inesperada e imprevista, porque, devido à sua idade, ele já se considerava fora do risco de ser nomeado, pensando ter finalmente escapado em 1732, quando deixou Nápoles para se dedicar às atividades missionárias que o levaram a fundar a Congregação Redentorista. Na verdade, ele admitiu mais tarde que sua esperança foi totalmente infundada, uma vez que, outras vezes, correu o risco de ser promovido ao episcopado.
Estadia em Roma
Em sua estadia em Roma, enquanto aguardava a sagração, recebido pelo Papa, nosso santo fundador suplicou-lhe que recomendasse a Nosso Senhor o bispo de Santa Ágata e sua diocese. “Reze também — o Papa Clemente XIII respondeu — pela Igreja e por mim”. Então, quando Santo Afonso se retirou, acrescentou o Papa: “Quando Monsenhor de Ligório morrer, teremos mais um santo na Igreja de Jesus Cristo”. (P. Berthe, Vida de Santo Afonso, II, 20 etc.)
Desta forma, confirmava-se mais uma vez a profecia de São Francisco de Jerônimo, que, ao batizar o menino Afonso, afirmara que ele seria bispo, viveria muito e seria santo da Igreja.
Durante sua estadia em Roma, Afonso saía apenas para visitar lugares sagrados e para atender aos convites de pessoas importantes, que ele não ousava recusar. Ele visitou a Biblioteca do Vaticano e, naturalmente, a Basílica de São Pedro e outras basílicas.
Não sabemos se, enquanto caminhava ao longo da Via Merulana para ir de Santa Maria Maior até São João de Latrão, tenha lançado um olhar para a esquerda, para a Villa Caserta, futuro local da Casa Geral da Congregação. Temos certeza, no entanto, de que ele não imaginava que, além disso, em menos de um século, ali seria construída uma igreja a ele dedicada.
Quando Afonso chegou a Roma, o Papa havia saído para Civitavecchia. Em vista disso, aproveitou a oportunidade para viajar a Loreto, numa viagem de quatro dias, para visitar o famoso santuário que contém a casa em que o Verbo encarnado passou a maior parte de sua vida. Afonso lá ficou três dias, antes de retornar a Roma, onde chegou em 8 de maio, justamente quando os canhões do Castelo Sant’Angelo saudavam o regresso do Papa à cidade.
Uma histórica basílica
Santo Afonso foi sagrado bispo na histórica Basílica de Santa Maria Sopra Minerva, que conserva, em uma de suas capelas, uma placa que recorda esse fato. A igreja tem esse nome porque, na área atualmente ocupada pela basílica e pelo antigo convento, havia três templos dedicados aos deuses Minerva, Ísis e Serápide, sobre os quais a basílica foi construída.
No século VIII, ao lado desses templos, foi construída uma pequena igreja que o Papa Zacarias concedeu às irmãs basilianas que haviam fugido do Oriente. Em 1255, o Papa Alexandre IV estabeleceu uma comunidade de convertidos nesse lugar. A igreja pertencia aos beneditinos de Campo Marzio e, somente em 1256, os Frades Pregadores (dominicanos) ali se estabeleceram, obtendo, anos mais tarde, a posse da igreja, que mantêm até hoje.
Dom Afonso de Ligório
Depois de ser ordenado e assumir sua pequena diocese, como bispo, Afonso continuou pautando sua vida pelas normas de simplicidade e pobreza. Dom Afonso chegou a usar duas cruzes peitorais: no cotidiano, usava uma feita de bronze dourado; e, nas funções episcopais, usava uma de prata dourada, cravejada com uma imitação de joias.
Ao falar sobre seu anel episcopal, Dom Afonso disse que “eu me coloquei bem à frente de Roma, porque ninguém percebeu que eu tinha quebrado uma garrafa bonita com a qual cortei este diamante para mim”. Outro anel, que havia pertencido ao seu tio materno, Emilio Cavalieri, mais tarde Dom Afonso venderia para usar o dinheiro como esmola para os pobres.
Ao longo dos 13 anos de seu ministério como bispo (1762–1775), Afonso continuou a viver segundo os princípios que transmitiu aos seus filhos espirituais na Congregação, mantendo-se próximo ao povo, recebendo todos os que desejavam vê-lo, visitando as paróquias, vilas e aldeias da diocese, ensinando em suas igrejas e pregando o Evangelho onde quer que fosse.
Afonso entrou solenemente em sua diocese no dia 11 de julho de 1762. Recordando as sugestões que ele mesmo fizera, em seu tempo de missionário, aos bispos, não esperou para se ocupar com as dificuldades e desafios e, rapidamente, aplicou algumas soluções práticas.
Além de suas responsabilidades pastorais, Afonso acrescentou outra, cultural, pois, entre 1762 e 1775, compôs e publicou mais de 50 obras. Com isso, ocupava muito bem seu tempo.
Realidade da Diocese
A relutância de Afonso em aceitar o episcopado foi motivada por sua convicção de ser inadequado para as graves responsabilidades que isso envolvia. Sua ideia da missão episcopal, concebida de forma idealista — como se fosse quase inatingível, segundo os modelos de São Carlos Borromeu e São Francisco de Sales —, fez com que ele se achasse indigno mesmo para uma diocese de tamanho tão modesto, tanto em extensão territorial (seu comprimento máximo era de cerca de vinte quilômetros) quanto em população.
Nas atuais condições, muitos bispos — redentoristas ou não — dariam risada ao pensarem na diocese de Santa Ágata dos Godos, que contava pouco mais de 27 mil fiéis, divididos em 34 paróquias, com 401 sacerdotes diocesanos, apesar da “lei das proporções”, que fixava o número de sacerdotes em um para cada cem fiéis. Além disso, havia o clero religioso de 13 conventos na diocese.
Em muitos casos, no entanto, a qualidade dos clérigos deixava a desejar e nem sempre correspondia ao número. Além disso, havia um pequeno número de clérigos com pouca inclinação para observar as normas estabelecidas pela lei canônica, ao ponto de, na residência episcopal, haver algumas celas reservadas aos clérigos recalcitrantes. Essas celas, porém, não eram muito seguras, pois, certa vez, um desses homens fugiu, levando consigo, como lembrança e último escárnio do santo bispo, a grande corrente que trancava a entrada para as celas.
Muitos redentoristas se tornaram bispos. Ao longo dos quase 300 anos de história da Congregação, 153 redentoristas foram chamados ao episcopado ou cardinalato, e deles, 61 vivem atualmente.
Seguindo o exemplo de Afonso, a maioria foi ou é composta por bispos missionários, em situações pastorais desafiadoras, às vezes cuidando de dioceses imensas e com um clero reduzido. Muitos também foram escolhidos para servir como bispos em diversas Igrejas Orientais. Em comunhão com a Igreja universal, a Congregação é chamada a “respirar com dois pulmões”, como disse São João Paulo II, sendo um sinal de unidade em realidades tão diversas como na Ucrânia, na Eslováquia ou na Igreja Caldeia que existe no Iraque.
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Fonte: Instituto Histórico Redentorista
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